É uma doença que afeta as artérias do cérebro, gerando distúrbios focais e/ou globais de sua função. Classicamente se desenvolve em segundos a minutos, portanto, de forma súbita e pode vir acompanhada de elevação da pressão arterial. Existem dois tipos de AVC: o isquêmico e o hemorrágico. E, embora diferentes, quanto a origem, os sintomas são muito semelhantes, envolvendo fraqueza e/ou dormência de um lado do corpo, alteração da fala e desvio do sorriso. Cerca de oitenta por cento dos AVCs são isquêmico e 20% são hemorrágicos. No primeiro grupo ocorre a obstrução de uma artéria, levando a isquemia – diminuição ou perda de suprimento – de sangue; no outro, a rotura de um vaso leva ao extravasamento de sangue e inundação de importantes estruturas.
Segundo a Organização Mundial de Saúde, o AVC é a segunda doença que mais mata e a primeira que mais incapacita no mundo. Mas, mesmo com toda essa significância, ainda é extremamente negligenciada. No Brasil, desde 2012 essa história começou a mudar com a publicação das Portarias 664 e 665 do Ministério da Saúde, as quais dispõem sobre os centros de atendimento de urgência aos pacientes com AVC, institui incentivo financeiro e aprova linha de cuidado.
No entanto, ainda há um longo caminho a ser percorrido, visto que a maioria dos pacientes não chega a tempo (em menos de 4,5 horas desde o início dos sintomas) de obter tratamento de fase aguda. Por enquanto, as sequelas que o AVC imprime ainda seguem afligindo a mente, o corpo e o dia-a-dia de milhares e milhares de pessoas no país, gerando danos pessoais e financeiros estrondosos.
Dra Rebeca Gigante é médica neurologista, trabalha no Pronto Socorro e Coordena a Unidade de AVC do Hospital do Coração de Mato Grosso do Sul. Também docente na Faculdade de Medicina da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul.